terça-feira, 12 de junho de 2007

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Era estudioso, dedicado e aprendeu rápido a arte da pintura. Muitos dos seus quadros enfeitavam as paredes da casa do tio rico, que os comprava para ajudá-lo, para animá-lo. Tim havia deixado alguns quadros emoldurados em pequenas galerias de artes, lojas de móveis, mas realmente vendia pouco. Levou alguns num leilão de arte e disseram-lhe que ali só aceitavam quadros de pintores consagrados ou mortos e famosos... Mesmo assim colocaram uma de suas telas a venda, mas não vendeu!
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E assim Tim passava os dias pintando, pintando, pintando... Lindos vasos de flores azuis, amarelas, vermelhas, naturezas mortas com peras, maçãs, abacaxis, bananas, cocos... Belíssimas paisagens, rostos de ciganos, odaliscas, animais, marinhas... Tudo o que lhe passava pela idéia. Às vezes pintava alguns retratos de vizinhos, parentes e cobrava barato só para ter alguns trocados no bolso. Outras vezes pegava seu material de pintura, algumas telas e sumia durante um dia inteiro indo de ônibus à algum ponto isolado de São Paulo, beira de rio, de lagoa, com árvores, fazendas, e produzia várias "manchas". Esboços, croquis... Levava também sua máquina fotográfica e tirava lindas fotos para uso futuro. Um lugar que ele adorava ir era Guarulhos. Naquela época não havia tanta violência, como hoje. Ás vezes ia para Atibaia, outras vezes para Mogi das Cruzes, de trem. Adorava ir para o litoral de São Paulo. Lá pintou dezenas de marinhas. Algumas premiadas. Setenta por cento dos seus trabalhos eram feitos ao vivo, no local e os restantes trinta por cento eram cópias de suas fotos coloridas. Era um bom fotógrafo!
Na escola onde aprendera a pintar os mestres diziam para nunca copiar dos outros... Devia pintar ao vivo, ou então fotografar ele mesmo as coisas que pintaria depois. Nos salões não se aceitam cópias! Ninguém ganha prêmio com cópias! Cópia, só para os aprendizes... Diziam seus mestres. O artista maduro, consciente de sua arte, ansioso por progredir, avançar, deve criar sempre... Nada de cópias!
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Tudo transcorria na mais completa paz e harmonia, até que um belo dia sua vida sofreu uma mudança radical...
Tudo começou naquela linda manhã em que saiu para pintar numa cidadezinha do interior e quando estava trabalhando absorto numa das telas percebeu atrás de si um senhor que o observava atentamente. Era um homem idoso, de uns sessenta e poucos anos aproximadamente, bem vestido. O velho vinha espiando-o já fazia uma meia hora... Depois, com cuidado, para não assustar o pintor, foi aproximando-se lentamente até que chegou a menos de um metro. Cumprimentou Tim e elogiou-o.
--- Rapaz, você pinta bem! Gostei do seu trabalho. Meu nome é Henry Lux Goldman. E o seu?
Estava bem vestido, cabelos e bigodes grisalhos, muito corado, tinha ar esperto, inteligente, olhos azuis, brilhantes, anéis de ouro e diamantes nos dedos, um cordão de ouro maciço. Aparentava ser pessoa muito rica. Mais tarde Tim observou que seu carro era desses bem caros, tinha motorista particular e um segurança.
--- O meu é Nicolay Tim...
--- Prazer em conhecê-lo, Tim. Sou marchand. Tenho um sítio aqui perto. Quer almoçar comigo hoje? Precisamos conversar.
Tim pensou um pouco, coçou a cabeça, olhou para as nuvens meio sem jeito, mas por fim aceitou o convite... Afinal ele já estava com fome e tinha trazido apenas um sanduíche de mortadela e umas bananas. O velho tinha cara boa, sorridente, aspecto inofensivo e irradiava simpatia. Não custava nada acompanhá-lo. Rapidamente arrumou seus apetrechos e seguiu-o até o carro. O velho apresentou-o ao motorista e segurança e depois foram para o sítio.

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